O gato de Schrödinger é a alegoria criada pelo físico austríaco Erwin Schrödinger ao tentar explicar a sobreposição de dois estados opostos entre si e coexistentes. Na mecânica quântica, um elétron pode ocupar dois lugares no espaço ao mesmo tempo. Para Schrödinger, o gato da alegoria pode estar vivo e morto ao mesmo tempo. Um conceito complicado a ponto de Albert Einstein questionar a teoria quântica até o fim da sua vida. 

Os mercados continuam o debate sobre inflação e juros. No Brasil, o BC manteve a taxa básica inalterada. Em comunicado, a autoridade monetária parece ter se inspirado na experiência de Schrödinger. Há riscos inflacionários causados por uma política fiscal inadequada e um mercado de trabalho resiliente. Mas há riscos deflacionários em função de uma possível recessão global e queda de commodities. A inflação está viva e morta ao mesmo tempo. 

A semana também foi marcada pela decisão do FED. Os juros subiram 0,25%, chegando a 5,25%. A incerteza do setor bancário americano não foi suficiente para convencer Jerome Powell a pausar o movimento iniciado no ano passado. O mercado de trabalho também segue forte nos EUA, nessa sexta-feira os números de criação de empregos surpreenderam o mercado e a taxa de desemprego caiu para 3,4%. 

Apesar do comunicado indicar que os juros deverão ficar altos até que a inflação seja controlada, o mercado precifica cortes de juros já esse ano. Dois estados opostos entre si e coexistentes. O tal gato de Schrödinger tem sido uma metáfora conveniente, dadas as incertezas atuais. 

Para as alocações, seguimos acreditando na renda fixa atrelada à inflação no Brasil e nos títulos pré-fixados para até dois anos nos EUA. 

"Mesmo que você volte para o passado, revele seus sentimentos e peça para ele não ir,
o presente não vai mudar."