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#43 JUN/2023

Rio de Janeiro, Fevereiro, Março...
Festa Junina
(foto retirada do Catraca Livre)

 
     A festa junina chegou ao Brasil com os portugueses. Já era uma festa bem famosa em Portugal e na Espanha, mas possuía uma forte ligação com a Igreja, o que se perdeu com o tempo, visto que hoje em dia é vista muito mais como um evento popular do que religioso.
     A comemoração evoluiu no país e começou a se associar cada vez mais a símbolos das zonas rurais e crescer especialmente no Nordeste. Inclusive, há uma ‘disputa’ pela maior festa junina do Brasil: o São João, de Campina Grande, Paraíba, ou o São João de Caruaru, Pernambuco.
     Outro símbolo das festas juninas no país são as comidas. Os brasileiros esperam o mês de junho para se vestir de caipira e se deliciar com canjica, pamonha, pé de moleque, comidas à base de milho e etc.
    
Quer aproveitar uma festa junina no Rio? Então, dá uma olhada na Festa Mandacaru (24/06, às 19h), a Fejug (08/07 e 09/07) e o Arraiá do Circo com Geraldo Azevedo (14/07, 15/07 às 21h).
Personagem da Gema
Chico Buarque
                                                                 (foto retirada do spotify)                                                                                
   Nosso personagem deste mês é um geminiano, nascido em 19 de junho, no bairro do Catete, filho de Sérgio e de Maria Amélia. É um andarilho inquieto e talentoso: passeia pela literatura e pela música com uma desenvoltura que é para poucos.
   Parceiro de vários artistas da MPB, como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Francis Hime e Edu Lobo, quem não conhece “Apesar de Você”, “Cálice”, “Roda Viva”, “Pedaço de Mim”, “Olho nos Olhos”? São quase 60 anos de carreira e cerca de 40 álbuns.
   Vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance com “Estorvo”; o de Livro do Ano, tanto por “Budapeste” e por “Leite Derramado”. Neste ano, recebeu o Prêmio Camões (referente ao ano de 2019), o principal troféu literário da língua portuguesa, pelo conjunto da obra.
   Mil vivas a Chico Buarque de Holanda! Se tiver mais curiosidade em conhecer a vida e a obra do cantor dos olhos mais comentados da MPB, é só clicar 
 aqui.
Rio entre Esquinas
Festa Junina e a Igreja Católica
(foto retirada de Acidadeon)

    Nós, da cidade grande, conhecemos as festas juninas pelos costumes da dança, boa comida, fogueira, balões e pelo momento de confraternização com amigos e entes queridos. Porém, a origem desta celebração se dá através de costumes trazidos da Europa e incorporados pela Igreja Católica através dos padres Jesuítas, como o frei Fernão Cardim. 
    Apesar do caráter, a princípio, religioso da celebração, a festa adquire uma dualidade entre devoção e lazer que é explicada pela rápida adesão do povo brasileiro às comemorações. O fato da festividade possuir uma natureza do lar, da família e, além disso, ser uma possibilidade para as comunidades estreitarem os laços entre si, talvez seja o que explica tal acontecimento, como expõe a pesquisadora Luciana Chianca em seu artigo “Devoção e diversão: Expressões contemporâneas de festas e santos católicos”.
    Porém, a popularização das festas para além dos espaços sagrados e o consequente afastamento dos holofotes das celebrações nas Igrejas não impede que os locais de culto mantenham suas tradições juninas. Podemos mencionar, por exemplo, a Paróquia de São Miguel Arcanjo, localizada no bairro de Colégio e responsável por unir a comunidade ao seu redor com o “Arraiá do Miguelzinho”, realizado no último 16 de junho. Com cerimônias marcadas pela forte presença de diversos grupos etários, a Paróquia se encarrega de, anualmente, celebrar a memória de São João, Santo Antônio e São Pedro, confraternizando democraticamente com a comunidade local.

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ImaginaRio Entrevista
Andriolli da Costa
 
    Andriolli de Brites da Costa é professor adjunto do Departamento de Jornalismo da UERJ. Doutor em Comunicação e Informação pela UFRGS, mestre em Jornalismo pela UFSC com graduação em Comunicação Social: Jornalismo pela UFMS. Cursou estágio pós-doutoral em Crítica Cultural na UNEB, na linha de pesquisa de Tradição Oral e Produção de Narrativas. É membro do Nutopia - Núcleo das Tradições Orais e Patrimônio Imaterial (UNEB), e integrante da diretoria da Rede Folkcom (2022-2024). Também é coordenador do projeto de extensão LNAR - Laboratório de Podcasts Narrativos. Atua principalmente nas seguintes áreas: Jornalismo, Podcasts, Cultura Popular, Tradição Oral e Imaginário.

ImaginaRio: Qual é a relação das suas pesquisas com a cultura popular?
Andriolli:  
Eu pesquiso cultura popular brasileira desde 2008. Lá se vão 15 anos, portanto, desta relação que ultrapassou a de objeto de pesquisa e se converteu em objeto de entrega e de vida. O cerne da minha pesquisa é fazer o que, nos estudos do imaginário, chamamos de “mitocrítica”, que é a leitura crítica da sociedade a partir de sua relação com os mitos e lendas da cultura popular. Podemos pensar, por exemplo, em Negrinho do Pastoreio e o imaginário racista; Mula sem Cabeça e o imaginário misógino, e assim por diante. 
    No mestrado, por exemplo, analisei a cobertura, no jornalismo paraguaio, da lenda dos tesouros enterrados – lá chamada de Plata Yvyguy. Dizem que são toneladas e mais toneladas de ouro escondidas durante a Guerra contra o Paraguai e protegidos por espíritos que só entregarão parte dessas fortunas para aqueles que tiverem bom coração e conhecimento da tradição. A imprensa de referência, mesmo imersa na lógica ocidental de factualidade e objetividade – e, tradicionalmente, relegando o fantástico, o subjetivo, para as margens dos processos intelectuais – é incapaz de recusar-se a noticiar os tesouros. Afinal, todos os meses há pessoas que morrem buscando o ouro dos espíritos. É o mito que se objetiva em ação concreta.”

ImaginaRio: Qual a importância dos Santos Católicos para as celebrações de festa junina?
Andriolli:
Dentre as manifestações folclóricas, as Festas Juninas são provavelmente das mais potentes. E a agência dos santos católicos mobiliza uma série de tradições que vão muito além do próprio ato de festejar. A celebração, como um todo, está vinculada ao período: o solstício de inverno e as festas de colheita. A fertilidade está em tudo: da fartura das comidas aos pedidos de namoro aos santos.
    Santo Antônio, por exemplo, é tido como casamenteiro. Ao ponto em que é comum fazer simpatias de virar sua estátua de ponta cabeça para forçar o santinho a encontrar um bom partido. São João não tem a mesma fama, mas também há simpatias para pedir seu auxílio: dizem que se você cravar uma faca no coração de uma bananeira na véspera de seu dia, 24 de junho, no dia seguinte o nome do seu cônjuge estará escrito na lâmina. 
    Já São Pedro, aquele que recebeu de Jesus as chaves para as portas do céu, é também capaz de destrancar corações. Suas simpatias relacionadas ao amor estão sempre ligadas ao uso de chaves para abrir os caminhos dos apaixonados. Junho é, certamente, um mês riquíssimo para o universo da cultura popular!”

Leitura do Mês

As festas juninas no Rio de Janeiro: entre o fazer e
o manter nas relações sociais 

    Gosta de festa junina e quer conhecer um pouco mais sobre a celebração no contexto do Rio de Janeiro? Dê uma olhada no artigo “As festas juninas no Rio de Janeiro: entre o fazer e o manter nas relações sociais”, de Elis Regina Barbosa Angelo. Nele, a autora analisa saberes, cultura e memórias da festa, cristianizada durante a Idade Média.         
    Para Elis, nos dias de hoje, a celebração se mantém por meio do entretenimento, ou seja, pelo lazer da população e pelo turismo, estando sujeito a mudanças devido ao seu caráter atrativo. Porém, a festa ainda possui símbolos e tradições pulsantes, apesar de estilizadas. Um exemplo são as quadrilhas, que movimentam multidões na Feira de São Cristóvão, localizada na cidade do Rio. 
   Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

🧑🏿‍🤝‍🧑🏻O imaginaRIO é uma realização do Laboratório de Comunicação, Cidade e Consumo (Lacon/UERJ). O boletim tem a proposta de monitorar e divulgar as principais notícias, eventos culturais e publicações sobre as temáticas do consumo, dos megaeventos e da cidade, com foco no Rio de Janeiro.

Equipe: Ricardo Freitas (coordenador), Vania Fortuna (sub-coordenadora), Maria Helena Carmo, Frederico Augusto, Rafael Nacif, Carlos Matos, Guilherme da Costa, Manuela Howat, Palloma Miranda e Thaís Nazaria.
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