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#46 SETEMBRO/2023

Rio de Janeiro, Fevereiro, Março...
São Cosme e Damião
(Foto: Reprodução Twitter/X)

   Conhecidos como os patronos da medicina na Europa, São Cosme e Damião chegaram ao Brasil com os portugueses. Em 27 de setembro é comemorado popularmente o dia de São Cosme e Damião, contrariando o calendário oficial das igrejas católicas que define o dia 26 como o dia do culto aos santos e gerando debates sobre qual data deve ser seguida. 
   Porém, grande parte do imaginário popular tem o dia 27 como oficial da comemoração. O culto, originalmente voltado aos feitos dos gêmeos na medicina, ganhou um novo significado no Brasil e, principalmente, na cidade do Rio devido à influência de religiões de matriz africana que reservam o dia ao culto às entidades crianças, os erês, criando a relação dos santos com as crianças.
     Na cidade do Rio, as festividades se dão principalmente nos terreiros de umbanda onde ocorre forte relação dos santos com as crianças. Há também o costume de distribuir doces para as crianças como tradição de família ou pelo cumprimento de promessas feitas aos santos. Essa distribuição acontece em nas áreas da cidade onde tem forte presença de terreiros de umbanda e comunidades mais tradicionais, como alguns bairros da Zona Norte e Oeste. As ruas ficam lotadas de crianças atrás dos doces nas portas de casas ou à espera de carros que passam distribuindo os tão esperados pacotes com as guloseimas da data.

Personagem da Gema
Zeca Pagodinho: Samba, Generosidade e São Cosme e Damião
(Imagem: Zô Guimarães/Folhapress)

     Zeca Pagodinho (ou Jessé Gomes da Silva Filho, nome de batismo) nasceu em Irajá, zona norte do Rio de Janeiro, e ganhou fama nas décadas de 1980 e 1990 com músicas como "Deixa a Vida Me Levar" e "Caviar". A música de Zeca celebra a cultura e a boemia cariocas, fazendo conexões com religiões de matriz africana. A carreira do cantor é marcada por uma série de álbuns de sucesso como o Patota de Cosme (1987) e Água da Minha Sede (2000).
    Zeca tem uma conexão especial com a celebração de São Cosme e Damião: ele é conhecido por realizar festas em sua casa em Xerém, em Caxias, onde distribui doces, brinquedos e alimentos para a criançada. Isso vai além da música: é um exemplo de generosidade e compromisso com sua comunidade. Além disso, fundou, em 1990, o Instituto Zeca Pagodinho, com a missão principal de promover ações de responsabilidade social e cultural, tendo foco especial no apoio a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social no Brasil. A música de Zeca Pagodinho e a dedicação às crianças fazem dele uma figura admirada e respeitada no Brasil.
    Ganhador de vários prêmios de música, dentre os quais Grammy Latino de melhor álbum de samba, e Prêmio da Música Brasileira, Zeca lançou, há dias, seu novo single nas plataformas digitais - Sorriso de Criança, em parceria com Mauro Diniz. Para ouvir, clique aqui.

Rio entre Esquinas
Circo Voador
(foto retirada do site do Circo Voador)

     Você conhece a história do Circo Voador?
   Essa casa de show tão popular no Rio de Janeiro teve início com a vontade de um grupo de jovens por um espaço para divulgar suas artes. Surge, então, o Circo em 1982 na praia do Arpoador. Nesse mesmo ano, alguns artistas organizaram a “Surpreendamental Parada Voadora”, com diversas manifestações artísticas durante a Ditadura Militar. Depois de três meses, a fiscalização derrubou a lona do Circo. 
    Em outubro de 1982 alguns terrenos foram cedidos pela prefeitura para a escolha do novo local: a Lapa, construindo assim o Circo Voador que conhecemos hoje, uma união entre arte, cultura, entretenimento e luta! Pelo espaço cultural, já passaram diversos nomes da música popular brasileira, como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Chico Buarque. Mas o Circo é mais que música. Lá acontecem cursos e projetos sociais, como a Creche-Escola. Para conhecer mais a história do Circo Voador, assista ao vídeo com Maria Juçá, produtora cultural e diretora do Circo aqui.
    Ah, e neste fim de semana, de 15 a 17/9, acontece, no Circo Voador, o “I Festival do MST: por Terra, Arte e Pão!”, em comemoração ao aniversário de 5 anos do Armazém do Campo Rio – espaço cultural e de comercialização de alimentos da Reforma Agrária Popular, sediado na Lapa. Quer participar do Festival? Acompanhe a programação no perfil do Armazém do Campo.

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ImaginaRio Entrevista

Vania Oliveira Fortuna

Doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É professora adjunta da Faculdade de Comunicação Social da UERJ, no Departamento de Relações Públicas, e subcoordenadora do Laboratório de Comunicação, Cidade e Consumo (Lacon/UERJ).

ImaginaRio: Qual a relação da sua pesquisa do mestrado e do doutorado com a cidade do Rio de Janeiro?
Vania: Tanto no meu mestrado como no doutorado, investiguei a relação da cidade com os discursos que se constroem sobre ela, a partir de diferentes atores, que, em grande medida, têm interesses em comum, e também essa relação cidade, discursos e mega-eventos. Por que mega-eventos? Porque eu fui notando, ao longo da minha pesquisa e das minhas leituras sobre comunicação e cidade, que a cidade não só era afetada, transformada pelas obras, pelas grandes reformas urbanas que se deram ao longo do tempo, que a gente olha mais atentamente a partir do início do século 20 com as obras de Pereira Passos. E depois vem Carlos Sampaio, então a gente tem aí algumas reformas urbanas que vão marcar essa reurbanização do Rio de Janeiro. E os discursos, a mídia têm um papel central em todos esses momentos. Então, no mestrado, investiguei a cidade transformada física e discursivamente pelos Jogos Pan-Americano de 2007. Já, na minha tese de doutorado, eu investiguei a construção física e discursiva do Porto Maravilha, considerado um dos legados das Olimpíadas de 2016. Ao olhar para a mídia pelos discursos que se constroem, que se construíram sobre o Porto Maravilha, a gente percebe como a cidade é afetada por todo esse processo simbólico. Então, temos uma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado, que vai explorar bastante essa relação entre cidade, comunicação e mega eventos.

O meu objeto foi o Jornal Globo. No Mestrado, analisei os discursos que o Jornal Globo construiu sobre a cidade, se preparando para o Pan-Americano, olhando para a violência urbana. E, no Doutorado, também olhei para os discursos construídos e apresentados sobre o Porto Maravilha. Os discursos apontavam para uma cidade que seria transformada para a atração de turistas, investidores e novos moradores. O Porto seria um espaço urbano importante para trazer toda essa nova imagem, que atrairia para o Rio de Janeiro turistas, investidores e grandes empresas.
 

ImaginaRio: Como você avalia o projeto Porto Maravilha sete anos após os Jogos Olímpicos?
Vania: Sobre o Porto Maravilha, sete anos depois, a gente pode constatar, porque o espaço, os dados, as informações mostram, que o Porto Maravilha não aconteceu da forma como foi projetado. A gente tem uma Praça Mauá que hoje funciona bastante em termos de turismo, dois museus maravilhosos que estão ali. Bem próximo, temos restaurantes que, durante toda a semana, sobretudo no fim de semana, atraem demais visitantes e o samba da Pedra do Sal, que sempre foi muito bacana e que fica ainda mais conhecido, frequentado e procurado a partir do Porto Maravilha. Então, temos, para esse ponto específico, a Praça Mauá e o seu entorno, que mudou esteticamente e incrementou, sem dúvida nenhuma, os eventos culturais e atraiu bastante os visitantes. Mas o que se planejava pro Porto Maravilha em termos de atrair novos moradores, e não eram quaisquer moradores, eram moradores de classe média, classe média alta e grandes empresas, não se concretizou. Tanto que em agosto deste ano houve uma reunião do Lula com o Eduardo Paes e eles fecharam um acordo porque a prefeitura está num conflito com a Caixa Econômica, que é quem detém o fundo imobiliário que estimula a construção de novos empreendimentos na zona portuária. Segundo a mídia, esse acordo vai “destravar” o Porto Maravilha. Ou seja, para dar incentivos para que prédios residenciais sejam construídos e grandes empresas, além das que já estão. Entretanto, essas que já estão lá, estão longe de ter atendido a quantidade que se queria para aquela região, o valor do metro quadrado afugentou muitos investidores. A partir disso, observamos agora um novo projeto - o Reviver Centro para, mais uma vez, tentar uma reocupação tanto da zona portuária como do Centro como um todo, por moradores de classe média e sedes de grandes empresas.

Leitura do Mês

Doces Santos

(Imagem: reprodução / capa do livro “Doces Santos”)

    Você gosta de conhecer e estudar sobre as raízes, a história e a resiliência das celebrações religiosas? Dê uma olhada no livro “Doces Santos”. Explore as dinâmicas das práticas festivas e como elas se transformaram ao longo do tempo. Uma leitura imperdível para quem deseja conhecer a história e a resiliência das celebrações religiosas no coração do Brasil.
    O livro é fruto de um projeto realizado pelo Museu Nacional, coordenado pela Professora Dra. Renata de Castro Menezes, e tem o objetivo de realizar estudos sobre as origens da realização e documentar a festa no Rio de Janeiro. Escrito em 2020,  mergulha nas origens dessa festa tão tradicional bem como suas adaptações em tempos de pandemia. O “Doce Santos” está disponível de forma gratuita aqui.

🧑🏿‍🤝‍🧑🏻O imaginaRIO é uma realização do Laboratório de Comunicação, Cidade e Consumo (Lacon/UERJ). O boletim tem a proposta de monitorar e divulgar as principais notícias, eventos culturais e publicações sobre as temáticas do consumo, dos megaeventos e da cidade, com foco no Rio de Janeiro.

Equipe: Ricardo Freitas (coordenador), Vania Fortuna (sub-coordenadora), Maria Helena Carmo, Marcelo Resende, Rafael Nacif, Carlos Matos, Carlos Miguel Anjo, Guilherme da Costa, Manuela Howat, Pedro Lucas Rubim.
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📢 Gostaria de divulgar sua pesquisa, evento ou publicação sobre o Rio de Janeiro aqui no imaginaRIO? Envie um e-mail para laconuerj@gmail.com
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