Para entender a ruptura é preciso contexto

02/09/2019

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Infonomics. Conhece?

Você sabe o valor da marca da sua empresa? E dos dados? Eles estão computados como um ativo no balanço da empresa, ao lado de imóveis, equipamentos, máquinas, móveis e marcas? Possivelmente você vai dizer que não, alinhado com a maioria das companhias.

Porque, apesar de estarmos em uma economia data-driven, as empresas, seus CFOs e contadores não conseguem calcular o valor contábil de um item que é visto como intangível. E perdem - ou deixam de ganhar - dinheiro por causa disso.

E esse é justamente o ponto de partida do livro Infonomics, escrito por Douglas Laney, ex-VP do Gartner, atualmente Principal Data Strategist da Caserta, colunista da Forbes e reconhecido como um dos Top 10 Influential Data Leaders para seguir em 2019. Infonomics vem de "Information Economics", uma teoria formulada por Laney que procura tangibilizar os dados incluindo fórmulas matemáticas para medir informações como um ativo para obter vantagem competitiva, e sete passos a serem seguidos para monetizar os ativos de informação.

“As empresas exibem maior disciplina no rastreamento e contabilização dos móveis de escritório do que seus dados”, diz Laney"Portanto, a maioria possui um ativo latente que não está sendo medido ou gerenciado bem, o que significa que não oferece um nível ótimo de benefício econômico", alerta o consultor.

  • O livro foi lançado em 2017, mas a ideia de Infonomics começou a se materializar na cabeça de Laney em 2012, logo após o ataque de 11 de setembro de 2011 às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque. As empresas que tinham escritórios nas torres enfrentaram um problema nunca imaginado: suas apólices de seguro não cobriam a perda dos seus dados, pois seu valor não tinha sido computado pelas seguradoras.

  • Douglas Laney também é professor visitante da University of Illinois. E três dos seus cursos sobre Infonomics e Business Analytics são oferecidos online no Coursera. Hora de aproveitar.

AgTechs brasileiras crescem e buscam recursos

O Brasil tem mais de 1.100 AgTechs, de acordo com o recém lançado “Radar AgTech Brasil 2019: Mapeamento das Startups do Setor Agro Brasileiro”, estudo realizado pela Embrapa, SP Ventures e a consultoria Homo Ludens, com o apoio do StartAgro, da ACE e do Centro Universitário FEI.

As startups se dividem em três categorias: antes da fazenda (197 empresas), dentro da fazenda (398) e depois da fazenda (grupo com 530 empresas). E em três segmentos:  Agricultura (559), Alimentar (378) e Animal (189). A maioria delas (cerca de 90%) está nas regiões Sul e Sudeste do país, com destaque para as cidades de São Paulo, Piracicaba e Campinas.

O estudo revela também que o setor precisa de mais aportes de venture capital. Em 2013, foram apenas 4 startups investidas, totalizando US$ 30 milhões. Em 2018, os investimentos pularam para US$ 80 milhões, em 20 aportes. O crescimento é consistente, mas ainda muito inferior a outros setores.

Até o momento, as AgTechs representam cerca de 6% de todas as startups brasileiras que receberam investimento. E o setor é dominado por investimentos em estágio inicial, com mais de 75% dos aportes feitos entre 2017 e 2018 nessa categoria.

A conclusão? Mais ações de fomento e incentivo ao empreendedorismo AgTech serão necessárias para consolidar o Brasil como um dos principais mercados de tecnologia agropecuária no mundo, juntamente com Estados Unidos, China e Índia.

  • E no mundo? Segundo o “AgriFood Tech Investing Report”, relatório anual do AgFunder, foram captados US$ 17 bilhões em 2018, valor que representa um crescimento de 43% em relação a 2017. O Brasil aparece melhor posicionado no segmento de Food, com destaque para o marketplace iFood e a Loggi.

Patentes? Que patentes??!

O Brasil está praticamente fora da corrida por patentes de machine learning e cloud computing, que caracterizaram a computação mundial na última década. 

Somente 69 do total de 15.203 famílias de patentes de machine learning identificadas no estudo “Propriedade Intelectual e Desenvolvimento no Brasil”, dos economistas Antônio Márcio Buainain, da Universidade de Campinas (Unicamp), e Roney Fraga Souza, da Universidade Federal do Mato Grosso (FEUFMT), contém pelo menos uma patente brasileira.

No caso do cloud computing, foram identificadas 86 patentes nacionais. Em ambos os casos, a imensa maioria desses documentos consiste em patentes obtidas por empresas estrangeiras em outros países que foram posteriormente estendidas para o Brasil e revalidadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual.

Somando as duas áreas de pesquisa, o presente estudo identificou apenas 10 patentes que foram efetivamente depositadas por inventores brasileiros.

Caminho livre para as Insurtechs

A recém publicada Circular 592, da Superintendência de Seguros Privados (Susep), acaba de liberar e regulamentar a venda de seguros validos por meses, dias, horas, minutos ou por viagens, trechos e por quaisquer outros critérios, incluindo o período intermitente (“liga-desliga”), desde que a seguradora leve em conta os critérios de interrupção e recomeço da validade da apólice, bem como a inclusão ou a exclusão de riscos.

Oferecer apólices de seguros acionadas de acordo com a conveniência do consumidor, com intervalos de contratação diferentes da praxe do mercado (a anual), é uma prática comum das insurtechs, focadas em reduzir custos de aquisição e melhorar a experiência do cliente. Aqui a legislação não ajudava. Mas agora deslanchou.

Mudanças regulatórias como essa estão entre as seis principais tendências que impulsionarão o mercado de Insurtechs no Brasil, segundo relatório da Fisher Venture Builder.

Esse fio robótico vai salvar vidas

Uma equipe de pesquisadores do MIT desenvolveu um fio robótico magnético que poderá revolucionar a desobstrução de coágulos em aneurismas e derrames, sendo capaz de deslizar suavemente mesmo no estreito sistema vascular labiríntico do cérebro. Diferente do fio metálico usado hoje, que é empurrado manualmente pelo médico, o fio robótico tem um núcleo feito de uma liga maleável de níquel-titânio (batizada de "nitiol) que é recoberto por uma capa de hidrogel combinada com partículas magnéticas. O médico pode então, remotamente, manipular os magnetos que vão atrair o fio pelo sistema vascular, suavemente, com muito menos riscos de lesão, e sem ficar exposto por longos períodos à radiação emitida pelo fluoroscópio que gera a imagem dos vasos para orientação no método atual.

Em busca da Computação Confidencial

Uma comunidade de projetos da Linux Foundation, a Confidential Computing Consortium (CCC), formada por empresas como Alibaba, Arm, Baidu, Google, IBM, Intel, Microsoft, Red Hat, Swisscom e Tencent, está empenhada em definir e acelerar a adoção de soluções de software para proteger dados em uso. E isso está sendo chamado de Confidential Computing (Computação Confidencial).

A criptografia de dados em uso é possivelmente a etapa mais desafiadora para fornecer um ciclo de vida totalmente protegido para dados confidenciais. As abordagens atuais criptografam os dados armazenados ou em trânsito. Mas quando estão sendo usados é que a coisa pega pois não estão mais criptografados. E é aí que o consórcio pretende atuar.

O objetivo do CCC é permitir que os dados criptografados sejam processados ​​na memória sem expô-los ao resto do sistema, reduzindo a exposição de dados confidenciais, fornecendo maior controle e transparência aos usuários. Algo relevante para os ambientes de IoT e Edge Computing. O projeto inicial do CCC é o Open Enclave SDK, e está disponível no GitHub, já que estamos falando de uma iniciativa Open. 

E o Blockchain muda a indústria de turismo

O ecossistema da indústria de turismo e viagens reúne centenas de diferentes companhias, desde empresas aéreas a seguradoras, passando por hotéis, locadoras de veículos, operadoras de viagens e outras tantas empresas. E o setor começa a ser transformado pelo uso de blockchain - e, não, não estamos falando simplesmente de pagar passagem ou estadia com bitcoins.

O site Datafloq, especializado em data economy, fez um levantamento de cinco oportunidades de transformação do setor com uso de blockchain que beneficiam usuários e fornecedores, além de listar 11 empresas (seis incumbentes e 5 startups) que já usam a tecnologia de formas disruptivas.

A lista de oportunidades inclui rastreamento de bagagens, programas de fidelidade (Singapore Airlines), marketplaces descentralizados para reservas (Travelport), identificação de viajantes com proteção de privacidade (Marriott), e seguros para viagens (AXA).

5G acelera a economia da mobilidade

É inegável que o 5G trará muito mais velocidade para as conexões sem fio. Mas também impactará a chamada economia da mobilidade. Segundo dados da GSMA Intelligence, as tecnologias 5G vão contribuir com US$ 2,2 trilhões para a economia global nos próximos 15 anos, favorecendo aplicações de IoT e Inteligência Artificial e turbinando ferramentas e soluções mobile-based na agricultura, educação e saúde.
Na comparação preparada nesse infográfico, 500 MB de dados seriam baixados com velocidade média de 300 Mb/s, contra os 25Mb/s do 4G e os lentíssimos (agora) 2 Mb/s do 3G. As vantagens, além da velocidade, estão na baixíssima latência e na grande capacidade de banda, tornando o 5G perfeito para IoT.
As desvantagens? Você vai ter de trocar de aparelho e as baterias terão bem menos tempo de vida. A estimativa é que até 2024 1,5 bilhão de aparelhos serão 5G. Em 2025, 59% dos usuários serão 4G e 15% terão 5G. 

Devemos correr para as colinas?

Foi certamente um dos mais estranhos debates sobre os riscos e as oportunidades da Inteligência Artificial e o futuro da humanidade entre dois ícones da economia digital: Elon Musk e Jack Ma. A batalha de cérebros aconteceu durante a World Artificial Intelligence Conference em Shanghai, no final da semana passada e terminou com os dois "concordando em discordar".

Foram 46 minutos de discussão, que você pode assistir inteiros no YouTube. Musk continua pessimista e pede cautela com os riscos que subestimar a IA podem trazer para a sobrevivência da humanidade no futuro: "Provavelmente o último trabalho que vai sobrar será escrever códigos para a IA e aí, eventualmente, a IA vai escrever seu próprio software".

Jack Ma, por sua vez, aposta na felicidade humana quando as máquinas substituírem pessoas como força de trabalho. Debatable, como gostam de dizer os americanos, já que o bilionário chinês é conhecido por defender a semana de trabalho de 72 horas, ou 996 (6 dias na semana, de 9 da manhã às 9 da noite).

O garimpo da semana

  • 7 em cada 10 brasileiros usam a Internet no Brasil. Ao todo são 127 milhões de internautas no país, dos quais 97% usam o smartphone para navegar, 43% usam o computador, 30% a TV e 9% o videogame, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2018, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).  Compare a evolução dos indicadores no site do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

  • "Cuidado com geeks cheios de fórmulas". A frase é de Warren Buffet, que por acaso é um dos melhores amigos de Bill Gates eu um dos mais geniais investidores do planeta. O site Visual Capitalist juntou as 25 melhores frases do bilionário, que por princípio não investe em startups, em um infográfico.

  • A pesquisa científica e médica sobre cannabis deve ganhar um novo impulso nos Estados Unidos com a decisão recente da US Drug Enforcement Administration (DEA) de agilizar a avaliação de pedidos de licença para cultivo legal. Entre janeiro de 2017 e janeiro de 2019 o número total de indivíduos registrados para realizar pesquisas com maconha, extratos de maconha, derivados e THC aumentou mais de 40%.

  • A humanização do robô de uma biblioteca de Oodi, em Helsinque, na Finlândia, aumentou o engajamento dos frequentadores com ele. As pessoas deixaram de vê-lo como um carrinho utilitário automatizado sobre rodas, e passaram a vê-lo como um dispositivo interativo, capaz de expressar alegria e descontentamento.

  • O Facebook está criando um assistente digital para o Minecraft. A equipe da rede social acredita que o videogame é um bom ambiente para a IA aprender uma ampla variedade de tarefas.

  • A visualização de dados está de de fato investindo em boas narrativas? O que é uma comunicação convincente e coerente com os dados?

  • 10 métodos de aprendizado de máquina que todo cientista de dados deve conhecer.

  • Matemáticos e neurocientistas criaram o primeiro modelo anatomicamente preciso para explicar os segredos da visão.

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