O executivo enxergou muito cedo que fazia todo sentido aproximar as startups da estratégia de inovação da companhia. Porque a inovação é um processo colaborativo. O executivo se dedica agora a ajudar outras empresas e executivos na implementação estratégica da inovação digital.
No episódio de lançamento do podcast da The Shift, Ítalo conversou sobre os indicadores de sucesso e armadilhas no meio do caminho. E uma parte da conversa abre os Insights desta edição.
Quais são as dificuldades de fazer a empresa enxergar o risco de disrupção?
Primeiro o sucesso que elas já conquistaram. Empresas com elevado padrão de excelência, que são líderes de mercado, tendem a se fechar e achar que não serão atingidas pela transformação digital.
Depois a questão da estrutura. Gestores mais tradicionais, mais resistentes à mudança, tendem a boicotar as iniciativas de inovação. No máximo o que eles fazem são evoluções incrementais que não mudam nada radicalmente, nem os modelos de negócio, nem os processos e nem os produtos da empresa.
E também o conhecimento instalado na empresa. O mais crítico, a meu ver, não é conhecer as novas tecnologias e o que elas oferecem, ou os novo métodos ágeis. O mais crítico é escolher o que deve ser feito naquele caso, naquela empresa ou situação. Em geral você nunca vai conseguir fazer tudo. Você nunca vai ter recursos infinitos, dinheiro ou equipe...
"Tempo e atenção executiva são os recursos mais críticos hoje
O que funciona e o que não funciona nessa jornada de adequação da empresa aos novos modelos digitais?
O que funciona é, número um, patrocínio do CEO. Patrocínio do board. Se o CEO não tiver apetite para inovar e correr riscos, não vai funcionar. Outra questão que funciona é ter foco. O líder dessa jornada de mudança tem que ter uma agenda nobre para a inovação e a transformação digital. Não pode trabalhar com a transformação nas horas vagas. Ou quando sobra tempo, depois de cuidar do operacional. Porque o operacional é urgente e sempre acaba tomando todo o tempo do executivo.
Outra coisa que funciona é a gestão da mudança. Inovar é um grande processo de mudança. Administrar os stakeholders, seus interesses, conhecer a estrutura de poderes, muitas vezes informal nas empresas, os indicadores que movem as pessoas e etc. Isso para mim é fundamental.
Inovar tem mais a ver com gente do que com tecnologia. O que não funciona é isolar a equipe de inovação digital. Criar uma estrutura blindada do restante da operação. Aparentemente dá mais ritmo, mais autonomia, mas não muda o essencial, que é a cultura da empresa. É a mudança de cultura, no fim das contas, que vai fazer a diferença ao longo do tempo.
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