13/01/20 | Ver no browser

Para entender a ruptura é preciso contexto

OFERECIMENTO
Bom dia, boa semana.
Na próxima semana tem reunião anual do Fórum Econômico Mundial (WEF) e o foco será o desafio de combinar disrupção com proteção à cidadania, algo que está sendo chamado de cidadania corporativa. No CES que acabou semana passada, carros voadores foram prometidos por várias empresas.

Nesta edição você ainda confere o "copo meio vazio" do SoftBank; o salto exponencial das séries de TV, graças à guerra do streaming; tudo o que precisa ser dito sobre a Quibi, e como será o futuro da logística. 
Boa leitura!

O WEF e o mundo em disrupção

As disrupções tecnológicas, demográficas e macroeconômicas estão remodelando nossa economia e sociedade. Os consumidores querem segurança, privacidade e responsabilidade ambiental. Os funcionários exigem um forte senso de propósito e recompensas. E os reguladores atacam práticas comerciais nos setores bancário, energético, de saúde e de grande tecnologia, que nas últimas décadas se concentraram em fornecer valor para os acionistas acima de tudo. Se quisermos um mundo coeso e sustentável, devemos ser capazes de olhar além das fronteiras corporativas e das sociedades e comunidades em que operamos. 
 
Na próxima semana, em Davos, a reunião do Fórum Econômico Mundial debaterá como tornar a cidadania corporativa uma atividade essencial. Ou seja, fazer do envolvimento com a comunidade e com os cidadãos uma prioridade tão crítica quanto as relações com investidores. Por exemplo, a requalificação de trabalhadores será uma questão fundamental para governos e empresas na década de 2020. A proteção do consumidor também.
 
A Singularity enumerou 20 “metatendências” que podem revolucionar setores inteiros (antigos e novos), redefinir os negócios e os desafios contemporâneos e transformar nossos meios de subsistência de baixo para cima. Entre elas destacam-se a longevidade humana aumentada, a crescente economia inteligente, a colaboração entre IA e humanos, a agricultura celular urbanizada e as interfaces cérebro-computador de alta largura de banda, apenas para citar alguns.
 
Já a CB Insights identificou 36 empresas pioneiras em novas maneiras de resolver grandes problemas, em 12 categorias. O relatório afirma que elas podem mudar o mundo investindo em desde criptografia quântica e mercados de dados de DNA até computação com velocidade da luz e energia nuclear de última geração.
 
Mas se não garantirmos uma boa governança, o lado sombrio das disrupções poderá prevalecer, afirma Jeff Merritt, que dirige a área de IoT, Robótica e Cidades Inteligentes do Fórum Econômico Mundial (WEF) e lidera uma aliança internacional para o uso responsável e ético da tecnologia. Na última reunião da Digital Future Society sobre os riscos e oportunidades de reconhecimento facial ele comparou as Cidades inteligentes às do Velho Oeste americano.

 
Um check-list antes de contratar omnichannel

Ter um contact center omnichannel é estar disponível para o cliente a qualquer momento e em qualquer lugar. Mas você sabe quais são as quatro perguntas que precisa fazer antes de adotar a plataforma e os três pilares que deve avaliar?

A indústria automotiva virou a estrela da CES

O mercado automotivo ganhou novos contornos aos olhos do público na semana passada, durante o CES, com seus carros elétricos de design futurístico, repletos de automação. Mais de 160 empresas de tecnologia automotiva, incluindo 10 grandes montadoras, cinco delas com muitas novidades, participaram da exposição buscando estabelecer parcerias e recrutar talentos em tecnologia e engenharia difíceis de encontrar. Dá para dizer que, hoje, os veículos do futuro são grandes vitrines para a aplicação de tecnologias disruptivas como a Internet das Coisas, a EdGe Computing e a Inteligência Artificial.
 
O táxi voador elétrico para quatro passageiros da Uber com a Hyundai foi a sensação. Segundo as empresas, ele será capaz de decolar verticalmente e, em algum momento no futuro, voar sozinho. Elas dizem que você podermos percorrer algumas cidades em um desses até 2030. Muita coisa ainda precisa acontecer para tornar o ecossistema de veículos voadores viável.
 
Mas foi a Sony que levou o prêmio de melhor do show, com o protótipo do Vision-S. Vale lembrar que a companhia já tem um lugar na indústria automobilística. Ele fornece sistemas de alto-falante para uma variedade de montadoras. A Toyota e seu braço de luxo, Lexus, usam sensores de imagem CMOS da Sony em alguns modelos para sustentar os recursos automáticos de frenagem de emergência. Mas agora a empresa está buscando ser mais agressiva nesse mercado.
 
Ah, a rápida mudança da indústria automobilística em direção aos veículos autônomos e conectados também tem atraído jogadores como Google, Apple e Amazon, principalmente no que diz respeito aos sistemas de informação e entretenimento. A General Motors planeja usar o software Android em seus futuros veículos. A Amazon acabou de desembarcar a Lamborghini como o usuário mais recente do seu sistema Alexa incorporado.

Como ter uma carreira exponencial em 2020

"Em um cenário exponencial, a tecnologia morre muito rápido. E quando a tecnologia desaparece, aquele processo de trabalho ligado a ela também morre. Se você não está preparado para resolver o problema de outra forma ou talvez nem mais resolver o problema porque ele não existe mais, vai ficar obsoleto."
No episódio 11 do podcast da The Shift, um papo sensacional com Alexandro Strack e Maurício Longo, os criadores do Mundo Exponencial. Vale ouvir.

SoftBank: copo meio cheio ou meio vazio?

Mais de 10% das startups que receberam investimentos do Vision Fund do SoftBank demitiram parte de seus funcionários nos últimos seis meses. A conta é alta e o cenário não tem precedentes. Se somarmos as demissões do WeWork (2.400), com as 2.800 demissões previstas na startup indiana Oyo (já foram feitas 1.800 na Índia e China, mas há planos de mais 1.000 nos próximos meses) são 5.200 pessoas.

Mas o número final chega a 6.455 pessoas. A colombiana Rappi vai demitir 300 pessoas (6% dos 5 mil funcionários globais). No Brasil os cortes da Rappi sinalizam 150 pessoas. A Zume (que produz um robô fazedor de pizza), de São Francisco, vai demitir 360 pessoas, ou metade da companhia. A Getaround, empresa de car sharing do Silicon Valley, cortou 150 funcionários. Inclua na conta a Katerra, do Arizona, que encerrou 2019 cortando 200 funcionários, e a Fair, que em outubro cortou 40% da sua equipe toda (215 pessoas).

Depois da crise da We Company, a nova realidade do SoftBank - e ao que parece do Silicon Valley inteiro - é ter startups lucrativas, ou no mínimo em break even. Aquela ideia de que o dinheiro "dava em árvores" e que métricas como "unity economics" não se aplicavam, pois o negócio era crescer a qualquer custo, sangrando dólares sem piedade, acabou. O tambor dos VCs e das startups agora toca em outro ritmo, com medo de passar por uma carnificina parecida.

Prova disso é a Lime, a empresa de patinetes que não tem investimentos do SoftBank, mas que resolveu passar a tesoura em busca da lucratividade. Anunciou na quinta-feira corte de 14% da sua força de trabalho (100 pessoas) e o fechamento das operações em 12 cidades de vários países (incluindo o Brasil, uma operação que tinha iniciado há seis meses). 

  • Aproveitando, o site TheLayoff.com reúne dados das demissões recentes em todos os setores da indústria, mas se baseia em dicas fornecidas pelas pessoas;
  • E o site Axios mostrou em reportagem recente que o copo do SoftBank deve estar meio vazio: o investidor japonês estaria "dando o chapéu" em startups, voltando atrás em term sheets assinados com promessa de investimento, um pecado mortal para a reputação de qualquer VC.

E o mercado de séries "pirou"

Em 2019, as empresas de mídia e entretenimento dos EUA lançaram 532 séries para TV (drama, comédia e minisséries). O mercado "went bananas" (enlouqueceu), como fez questão de frisar o CEO da FX Networks, John Landgraf, ao abrir os números da pesquisa da FX em um evento da Associação dos Críticos de TV (TCA). E o agitador das águas é de fato a indústria de streaming, que responde por quase a metade desse número.

A pergunta que fica é: tem audiência para absorver tanta série assim? Em 2015 Landgraf jurava que não e lançou o termo "peak TV", afirmando que a indústria tinha batido no teto e que em 2016 o número de séries diminuiria. Errou feio.
 
Para produzir conteúdo original, entre filmes e séries, as empresas gastaram mais de US$ 120 bilhões, segundo dados da Variety Intelligence Platform. A Netflix gastou US$ 15 bilhões, Amazon gastou US$ 6,5 bilhões e a Apple outros US$ 6 bilhões. E a Disney sozinha torrou US$ 27,8 bilhões.

E 2020 promete ser ainda pior (ou melhor, depende do ponto de vista) A Netflix, por exemplo, vai gastar US$ 17,8 bilhões em 2020, segundo o analista Daniel Salmon, da BMO Capital Markets. E ainda é preciso incluir na conta a entrada de novos players digitais como a Quibi, o serviço de streaming da NBC chamado Peacock, e a HBO Max.

Tudo o que há para saber sobre o Quibi

A guerra do streaming se prepara para ganhar um concorrente diferente a partir a de abril: o Quibi. Na última semana ficamos sabendo que ele será um serviço de assinatura de vídeos curtos produzidos por Hollywood e outros grandes editores, que funcionará apenas no smartphone. E que terá uma versão suportada por anúncios. Todos os dias, o usuário terá 25 shows disponíveis no seu feed. Só no primeiro ano serão lançados mais de 175 novos shows originais e 8.500 itens rápidos de conteúdo.

A maioria dos conteúdos será lançada com duração entre de 5 a 10 minutos, dirigida para jovens de 18 a 34 anos, que já passam mais tempo em seus telefones do que qualquer outro grupo demográfico. Os filmes de duas horas serão divididos em atos (o que Quibi chama de “Filmes Contados em Capítulos”). Outros conteúdos incluem reality shows, documentários originais e programas de notícias - todos lançados rapidamente, apenas para dispositivos móveis.
 
Mas a grande aposta é na nova técnica de vídeo para dispositivos móveis, chamada Turnstyle, que permite aos consumidores alternar entre assistir ao mesmo vídeo de perspectivas diferentes, na vertical ou horizontalmente. Na opinião do veterano produtor de Hollywood Jeffrey Katzenberg e da experiente executiva de tecnologia Meg Whitman, líderes do Quibi, é o que ajudará a diferenciá-lo de outras experiências de vídeo para dispositivos móveis.
 
O novo formato já está atraindo anunciante. Whitman disse ao Business Insider que o serviço já conquistou grandes marcas,  como Procter & Gamble e Pepsi, por oferecer um ambiente seguro.  Além disso o Quibi trabalhará com parceiros de distribuição como Google e T-Mobile, para garantir que o conteúdo seja entregue sem problemas "independentemente das condições de rede e largura de banda".

Para mudar a cultura, comece com uma provocação

Quer criar uma cultura corporativa de inovação na sua empresa? Esqueça a maioria, fuja das campanhas coletivas de comunicação, e comece pelos early adopters, aquele grupo de pessoas que representa 13,5% da sua organização e que, segundo a Lei da Difusão das Inovações, são os primeiros a pular no vagão.

Mas não facilite: faça um evento apenas, com poucas vagas, divulgue que a participação é opcional mas que nem todas as vagas estão garantidas porque vai ter triagem para receber convite. O escritor inglês Simon Sinek, autor de cinco best-sellers na área de inovação e liderança transformadora, garante nessa apresentação que a provocação funciona e que uma ação bem feita vai ser a fagulha suficiente para cutucar o resto da empresa.

Futuro do ecossistema de entregas

Para os consumidores, a melhor parte da jornada do comércio eletrônico é o momento em que ele finalmente coloca as mãos no item comprado, sem muita espera. À medida que a tecnologia aumenta as expectativas dos clientes sobre o que eles podem ter, também está ampliando suas opções de como esses produtos são entregues. Mas a crescente demanda por delivery resultará em 36% mais veículos de entrega só nas nas 100 principais cidades do mundo até 2030. Além de 2030, espera-se que os robôs levem os pacotes até as portas da frente dos clientes.

O recém lançado relatórioFuture of the Last-Mile Ecosystem”, do Fórum Econômico Mundial, analisa 24 intervenções que podem ajudar a reduzir as emissões, os congestionamentos e os custos de entrega da última milha urbana, considerando a conveniência dos clientes e os níveis de disrupção competitiva. E propõe três roteiros de transição diferentes, com um cronograma para indicar quais têm o potencial de se tornarem mais eficazes nos próximos anos, reduzindo as emissões de CO2 em 30%, o congestionamento em 30% e os custos de entrega em 25% até 2030.
 
Entre essas intervenções estão um redefinição da mobilidade urbana, com a  regulamentação de uso de veículos elétricos, entregas durante a noite e antes e depois do horário comercial, soluções eficazes de conectividade baseada em dados, como reencaminhamento dinâmico e pool de carga.

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