Para entender a ruptura é preciso contexto


06/05/2019

Na F8, a surpresa ficou com a IA

A equipe de Inteligência Artificial do Facebook surpreendeu os desenvolvedores ao anunciar, durante a F8, duas novas ferramentas de IA de código aberto: a AX e a BoTorch.

A AX é uma plataforma de uso geral para gerenciar, implantar e automatizar experimentos de IA, enquanto a BoTorch é uma ferramenta  baseada no PyTorch para otimização bayesiana.

Implementadas em escala no Facebook, essas duas ferramentas são aplicadas em “experimentação adaptativa”, processo no qual algoritmos de Machine Learning determinam sequencialmente quais configurações testar para alcançar algum conjunto de metas, com orientação humana.

No Facebook, a experimentação adaptativa é usada para lidar com uma ampla gama de problemas, incluindo aumentar a eficiência da infraestrutura de back-end, como compiladores just-in-time, alocação de memória e sistemas de recuperação de dados;  ajustar modelos de classificação, como os usados pelo News Feed e o Instagram para melhorar a experiência do usuário; e otimizar algoritmos para reprodução de vídeo, Facebook Live e uploads de mídia para fornecer streaming de vídeo mais suave e de melhor qualidade.

Na prática, a IA alimenta uma ampla gama de produtos no Facebook.  A meta da rede social é a de que essas ferramentas a ajudem a avançar ainda mais na compreensão de contextos.

Hoje, por exemplo, o processamento de linguagem natural (PNL) vem permitindo à rede social criar uma linguagem digital comum para tradução,  capaz de capturar “Conteúdo prejudicial” em diferentes idiomas. E uma nova abordagem para o reconhecimento de objetos, chamada  Panoptic FPN, tem feito com que uma única rede neural reconheça simultaneamente objetos distintos do primeiro plano, como animais ou pessoas (uma tarefa chamada segmentação de instâncias), além de rotular pixels no fundo da imagem com classes, como road, sky ou grama (uma tarefa chamada segmentação semântica).

  • Perdeu a F8? A  Fortune fez um bom resumo dos principais anúncios da conferência, envolvendo a própria plataforma do Facebook, o Messenger, o Instagram e o WhatsApp.
     
  • Mark Zuckerberg reveloumaior redesenho da rede social desde 2011 e reafirmou os planos para integrar o WhatsApp, o Messenger e o Instagram em um único produto criptografado de ponta a ponta, embora admita que ainda estamos muito distantes dessa plataforma interoperável.
  • A propósito, o Facebook está se reunindo com VCs para arrecadar até US$ 1 bilhão para seu projeto de criptomoeda, que envolve a criação de seu próprio stablecoin (uma criptomoeda atrelada a um ativo estável, como ouro ou dólar).  A CB Insights analisa os principais movimentos da rede social nessa direção.

A chave para o futuro da IA pode estar no hardware

Começam a aparecer chips que podem ser cruciais para o progresso da Inteligência Artificial - incluindo dispositivos como os drones e robôs encontrados na MARS, a conferência de IA e robótica da Amazon.  Um deles, em especial, desenvolvido pela pesquisadora do MIT Vivienne Sze, junto com Joel Emer, cientista da Nvidia, é muitas vezes mais rápido que os processadores gráficos que suportam os software de IA atualmente, menor e mais econômico do ponto de vista de consumo de energia.

Batizado de Eyeriss, o chip foi projetado para extrair mais dos algoritmos de Deep Learning e transformar nanodrones, do tamanho de abelhas, em máquinas superinteligentes. Parte da pesquisa é financiada por um programa da Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) de incentivo ao desenvolvimento de sistemas capazes de manter os Estados Unidos à frente da China em relação à Inteligência Artificial.

O laboratório de Sze também está explorando formas de projetar software para explorar melhor as propriedades dos chips de computador existentes. E este trabalho se estende para além do Deep Learning.

Muito conteúdo, pouca atenção

Os físicos Philipp Hövel e Sune Lehmann, publicaram um estudo na Nature no qual comprovam, usando métodos científicos recheados de fórmulas matemáticas, que o rápido aumento da produção e do consumo de conteúdo resulta no encurtamento dos períodos de atenção para tópicos individuais e no aumento das taxas de rotatividade para tópicos populares (trending topics).

Ou seja: os intervalos de atenção coletiva estão ficando cada vez mais curtos, segundo os resultados do estudo, tornando os momentos de atenção cada vez mais valiosos.

Os autores esperam que os insights do estudo estimulem a pesquisa sobre a interação entre a aceleração social e a fragmentação do discurso público e suas consequências potencialmente negativas. Na opinião deles, uma maior compreensão dos fatores por trás da aceleração da alocação da atenção coletiva tem potencial para mitigar desenvolvimentos negativos nos sistemas de comunicação modernos, como os das redes sociais. 

Drones for goods

Uma equipe médica nos Estados Unidos fez história esta semana ao usar um drone para transportar um rim que seria doado a um paciente. O aparelho percorreu mais de quatro quilômetros em dez minutos até chegar ao hospital.  O que pouca gente sabe é que o uso de drones em ajudas humanitárias só faz crescer. 

A  Associação Internacional para Sistemas de Veículos Não Tripulados (AUVSI, sigla em inglês) anunciou os 5 vencedores da segunda edição da AUVSI XCELLENCE Humanitarian Awards, premiação mundial que reconhece iniciativas humanitárias realizadas graças ao uso de drones. São eles:

VÍDEO DA SEMANA: Prepare-se para assistir o primeiro casamento entre dois bots de Inteligência Artificial: Siri (Apple) e Alexa (Amazon). A cerimônia inédita aconteceu no Belvedere Castle (Áustria), e faz parte da campanha de publicidade criada pela agência Serviceplan para a Câmara de Turismo de Viena.
É o jeito disruptivo e bem-humorado escolhido pelos austríacos para celebrar a liberação do casamento gay no país e promover a EuroPride Vienna, que acontece no início de junho. A campanha ganhou um site, www.siriandalexa.com, no qual também é possível aprender como reproduzir a conversa dos bots em casa. 

Estará na Argentina a salvação do Lítio?

Mais da metade (54%) de todo o lítio do mundo está localizada em uma região da América do Sul chamada Lithium Triangle, que engloba terras da Argentina, Chile e Bolívia. Esse mineral, que alimenta as baterias dos carros elétricos, é chave para o futuro. E a demanda - puxada pela China - já cresce em uma velocidade perigosa para a oferta alcançar. Pelo menos até que apareçam outras formas de fazer baterias poderosas.

Até o ano passado o Chile era o país que mais produzia Lítio na região (30% de toda a produção global). Mas uma empresa canadense chamada Neo Lithium Corp acredita que a salvação virá da Argentina, atualmente em segundo lugar provendo 12% do lítio global. É importante explicar que o lítio pode ser encontrado em duas formas na natureza: sólido, nas rochas onde é minerado; ou diluído em lagos de água salgada em regiões desérticas, de onde é extraído por evaporação. 

Pois no coração do triângulo, dentro do território argentino, fica o salar Tres Quebradas (Project 3Q), próximo à província de Catamarca. O complexo de lagos salgados de Três Quebradas tem 160 Km quadrados, e o projeto 3Q ocupa por enquanto uma área de 35 mil hectares.

Há dois anos a Neo Lithium descobriu o 3Q e agora, depois de realizados os testes, acredita ter topado com uma das maiores fontes de salmoura de lítio de alta qualidade do mundo. A baixa taxa de impurezas torna sua extração por evaporação de baixo custo ainda mais viável. E a empresa detém, sozinha, 100% do controle de toda a região.

O COO da Neo Lithium, Gabriel Pindar, concedeu uma longa entrevista em duas partes para o site europeu The New Economy, onde fala sobre o 3Q, sobre os desafios para o futuro dos veículos elétricos, o mercado chinês e a regulação do setor. Vale conferir.

Um mapa para achar todos os unicórnios

Onde estão os unicórnios. O site Visual Capitalist organizou as informações sobre unicórnios (empresas com valor acima de US$ 1 bilhão) contidas no Unicorn Tracker da CB Insights. O infográfico distribui esses animais já não tão raros - eram 344 em 3 de maio - por setor, valuation e país.
Quando a investidora de risco Aileen Lee criou a definição, há seis anos, eles eram poucos. Agora proliferam: em um ano apareceram mais de 100 novos no grupo. E o número 1 da lista não é quem você pensa que é.

O garimpo da semana

  • O mapa das minas. O trocadilho é irresistível (perdão leitores e leitoras), mas acaba de sair o primeiro mapa de startups brasileiras lideradas por mulheres. O estudo foi organizado pelo Techolics, em parceria com a RedFox Digital Solutions. E você confere as 57 empresas mapeadas e divididas segmentos. Em tempo, trata-se de um "work in progress", portanto a promessa é agregar mais empresas continuamente. Contribua.
     
  • O dono dos GIFs. Na internet, e especialmente nas redes sociais, os GIFs (pronuncia-se "jif") proliferam. E uma empresa domina tudo: a Giphy, criada em 2013. Hoje são 2 bilhões de GIFs animados trocados por mais de 300 milhões de pessoas diariamente. Seu fundador, Alex Chung, deu uma entrevista para a Digital Trends, explicando, entre outras coisas, porque consegue bater a Google e como ganha dinheiro.
     
  • Teste de condutor. Para carros autônomos??? Sim, existe um movimento nos EUA cobrando um teste padrão e independente que possa averiguar se o fabricante fez todos os testes e treinos necessários no veículo para funcionar sozinho.
     
  • Cotonete reaproveitável. Pois é, você compraria um cotonete reaproveitável? Super disruptivo, certo? Pois 100% das pessoas a quem eu perguntei responderam NÃO. Até que viram o projeto da LastSwab, uma startup que já conseguiu levantar US$ 467 mil (faltam ainda 10 dias de campanha) no Kickstarter para fabricar um cotonete reusável. Depois do vídeo, a maioria da minha enquete mudou para TALVEZ. Especialmente porque o impacto ambiental das hastes flexíveis é tremendo.
     
  • Startups em Miami. A eMerge Americas liberou em seu site o eMerge Insights, um relatório sobre as atividades de startups e investimento de risco no sul da Flórida.
     
  • CRISPR usado em testes humanos. Pela primeira vez, nos EUA.  A Universidade da Pensilvânia (UPenn) confirmou que trata dois pacientes com câncer usando a edição de genes.
     
  • Futuro da logística. Um relatório do Gartner identifica 8 tendências tecnológicas em supply-chain para 2019 que "nenhum líder pode ignorar", garante Christian Titze, VP de pesquisa do Gartner. “É seguro dizer que em cinco anos essas tecnologias vão causar a ruptura em metas de negócios, sistemas de TI e pessoas".
     
  • "Drive-Thru" - Três amigos da cidade de Londrina (PR) provaram que qualquer empresa pode ser disruptiva se entender o consumidor para diferenciar-se da concorrência. Eles triplicaram a receita de um açougue vendendo... torresmo em saquinhos! O segredo: criaram um "drive-thru de torresmo".
     
  • Salvando o planeta. Ganha força a ideia de transformar condicionadores de ar em máquinas de combate às mudanças climáticas. Há quem sugira adaptar unidades de ar condicionado para capturar água e CO2 e produzir combustível
     
  • Robôs por toda parte. A automação não acontece no vácuo, e se for tratada mal, corremos o risco de exacerbar a desigualdade. Para os trabalhadores desqualificados, já existem chefes-robôs. E eles têm papel cada vez mais importante em setores como a construção civil.
     
  • Ruptura política. O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair quer convencer lideranças tecnológicas e políticas a reescrever o contrato social para o futuro digital. Na sua opinião, os políticos estão despreparados para enfrentar a próxima Revolução Industrial.
     
  • O valor da micromobilidade. Los Angeles está usando dados de telefones celulares para entender que tipos de viagens as pessoas fazem, a fim de redesenhar o sistema de transporte coletivo. Descobriu que a maioria é realmente muito curta.
     
  • Samsung e Google fornecerão software de áudio e vídeo para todos os modelos da Fiat Chrysler até 2022.
     
  • Para viagem. A Amazon se associou à Ford para entregar seus pacotes diretamente para milhões de veículos da própria Ford e da Lincoln. Usando um app da Amazon em conjunto com apps das montadoras, entregadores podem abrir o carro, colocar os pacotes no porta-malas ou no banco de trás e, em seguida, trancar o veículo novamente. A General Motors Co. e a Volvo Cars já oferecerem o serviço de entrega Key by Amazon In-Car. 

Esta é a 17a edição da The Shift.

 

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Gratidão pela leitura e boa semana.

Cristina De Luca & Silvia Bassi

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