Para entender a ruptura é preciso contexto


20/05/2019

Um ano de GDPR, a caminho da LGPD

No próximo dia 25 de maio, o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia (GDPR) completa 1 ano. Esses primeiros 12 meses deixaram claro que a conformidade com o regulamento requer atenção constante.

O maior desafio tem sido encontrar profissionais de privacidade experientes. Pesquisa do IAPP estima que 500 mil organizações tenham registrado DPOs em toda a Europa. O número é baseado em dados de registro de DPOs recebidos por autoridades de proteção de dados da Áustria, Bulgária, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Espanha, Suécia e Reino Unido.

Nos primeiros 9 meses, as penalidades impostas somaram 55,9 milhões de euros, de acordo com um relatório publicado no final de fevereiro pelo Conselho Europeu de Proteção de Dados. A multa de 50 milhões de euros contra o Google, em janeiro, ocupa a quase 90% desse total.

A Comissão da UE revelou recentemente um infográfico com informações importantes sobre como a implementação do GDPR transformou a paisagem de proteção de dados. Dos estados-membros da EU, 23 já transpuseram o Regulamento paras suas legislações nacionais. Cinco membros ainda estão adaptando as suas leis - incluindo Grécia e Portugal.

Google segue Trump e corta Android da Huawei

Aumenta a pressão sobre a Huawei. A Google retirou a licença da empresa chinesa para acesso a atualizações do sistema operacional Android. A decisão impacta os negócios da Huawei com smartphones no mercado internacional, onde utiliza o Android completo, com todos os serviços na Google. /p>

Ela deixa de receber suporte técnico e colaboração para serviços Android e Google, não terá atualizações e updates do Android nos aparelhos preexistentes e não poderá incluir o Android completo nos próximos aparelhos. Na prática significa entregar smartphones sem apps da Google Play Store, Gmail e YouTube

Na China, por conta das proibições contra a Google, a Huawei já usa uma versão modificada do Android que não tem os apps originais da empresa americana. Se quiser continuar a usar o Android internacionalmente, a Huawei vai precisar adotar a versão do Android Open Source Program (AOSP).

O movimento acontece após a decisão do governo Trump, no dia 16, de adicionar a Huawei a uma "lista negra" de comércio com empresas de telecomunicações que, segundo o governo, representem um risco à segurança nacional. Neste domingo, o presidente americano disse, em entrevista à Fox News, que não pretende deixar a China ser a maior economia do mundo.

Quem ganha e quem perde com a guerra comercial entre EUA e China? Difícil dizer. Mas as gigantes de tecnologia americana não sairão imunes.  Por exemplo, o iPhone, da Apple, é montado na China. Tarifas comerciais mais altas forçariam a Apple a absorver os custos ou aumentar o preço de seus dispositivos - que muitos consumidores já consideram muito caros.

Prevendo riscos na cadeia de suprimentos, a Huawei começou a se planejar com antecedência há anos, criando um sistema operacional como plano B e estocando enormes quantidades de processadores, modems e outras tecnologias de empresas como a Qualcomm e a Intel, parceiras de longa data, que já suspenderam o fornecimento de chips.

A Huawei detém hoje a maioria dos cabos submarinos do mundo, que são uma parte ainda mais fundamental do backbone da Internet, segundo o The Wall Street Journal. E é a segunda maior fabricante de smartphones com mundo, atrás somente da Samsung. Será que o Google colocou tudo isso na balança?

Enquanto isso, no mercado corporativo...

Um dia antes de ser incluída na black list de Trump, a Huawei fez o lançamento mundial de um novo serviço de gestão de banco de dados para nuvem, chamado GaussDB, que tem recursos de Inteligência Artificial nativos.

O GaussDB tem duas vantagens importantes, segundo a companhia chinesa:
  • incorpora recursos de IA no ciclo de vida completo de bancos de dados distribuídos, possibilitando autoatendimento, autoajuste, autodiagnóstico e auto-recuperação, melhorando o desempenho com tuning em mais de 60%;
  • e faz uso de uma estrutura de computação heterogênea, incluindo x86, ARM, GPU e NPU, para aumentar seu desempenho no processamento de workloads, ficando 50% acima da média do setor. 
O anúncio afeta diretamente concorrentes como Microsoft, IBM, Google, Amazon e Oracle. Esta última mais diretamente, já que há dois anos é a única do mercado a oferecer um banco de dados autônomo com recursos de Inteligência Artificial. 

China atropela o mercado de carros elétricos 

Veículos elétricos (EVs), devem dominar as vendas globais de carros de passageiros e ônibus até 2040, e invadir significativamente o mercado de vans e caminhões para curta distância, de acordo com relatório Electric Vehicle Outlook 2019, da BloombergNE (BNEF).

As vendas de EVs devem acelerar de 2 milhões em 2018 para 28 milhões em 2030 e 56 milhões em 2040, segundo a BNEF. As projeções mostram a China liderando o mercado de carros elétricos, respondendo por 48% de todos os VEs de passageiros vendidos em 2025 e 26% em 2040.

A Europa passa à frente dos EUA, como o segundo mercado global de EVs ao longo desse período. Mas a eletrificação em mercados emergentes que não sejam da China será muito mais lenta, levando a um mercado automotivo global fragmentado.

Uma semana inteira de Blockchain

A Blockchain Week reuniu na semana passada, em Nova York, uma série de eventos, encontros e conferências que atraíram milhares de empreendedores, desenvolvedores, traders e entusiastas, para discutir o passado, o presente e o futuro do blockchain.

O sentimento geral estava mais sóbrio e pragmático que os dois anos anteriores, refletindo o crescimento do mercado de stablecoins, a moderação dos mercado de 'Initial Coin Offerings' (ICOs) e criptomoedas, o escrutínio regulatório mais rigoroso e a consolidação das redes blockchain como infraestruturas transacionais para várias atividades econômicas, não só finanças.

Dois eventos se destacaram: o Fluidity, voltado para o futuro das finanças; e o Consensus, que dura três dias e é promovido pela Coindesk, a co-realizadora da Blockchain Week. Entre os temas importantes, o Ethereum 2.0 e os desafios de uso do blockchain em eleições.

E o bitcoin subiu, preservando uma tradição da Blockchain Week. A criptomoeda valorizou 40%, atingindo US$ 7.500. Mais do que o dobro da cotação no primeiro dia de 2019, porém ainda bem abaixo do recorde de quase US$ 20 mil atingido em 2017.

  • No lado prático, a novidade é que os bancos centrais do Canadá e de Cingapura trocaram moedas digitais usando uma rede blockchain. A Accenture considerou o experimento "um grande marco" para transações financeiras.
Era para ser uma conversa só sobre bitcoin e do por quê da vida da criptomoeda ser tão cheia de altos e baixos. Mas a entrevista do investidor de risco Fred Wilson (Union Square Ventures) e de Brian Armstrong, CEO da startup Coinbase, ao jornalista Paul Vigna, do The Wall Street Journal, foi mais além. Wilson é um dos VCs mais respeitados da cena novaiorquina. Vale acompanhar seu blog AVC.com.

5 perguntas para evitar o hype da IA

Uma empresa que queira desenvolver um produto de aprendizado de máquina de qualidade deve responder a cinco critérios básicos, segundo Karen Hao, editora da newletter The Algorithm, do MIT.

  1. Qual problema está tentando resolver?
  2. Como faz uso do Machine Learning para abordar esse problema?
  3. Como obtém os dados para treinamento do sistema?
  4. Possui processos para auditar seus produtos?
  5. Deveria realmente estar usando Machine Learning para resolver esse problema?

A maioria das empresas passa bem pelas quatro primeiras perguntas, mas não consegue responder à última, diz Hao. “Para mim, essa é uma grande bandeira vermelha”, afirma. “Demonstra que a empresa não está pensando de forma holística sobre como sua tecnologia pode impactar a vida das pessoas”.

Está aí um bom teste para avaliar, não só as soluções de mercado, mas também o emprego de Machine Learning na sua empresa.

  • E para construir uma estratégia de IA sólida, vale checar o novo e-book da IDC, chamado "The Four Elements Your AI Strategy Needs to Succeed". Segundo a companhia de pesquisas, 40% de todas as iniciativas de Transformação Digital (DX) até o final de 2019 estarão relacionadas com Inteligência Artificial. É bom não errar, certo?

Amazon é a marca de varejo mais valiosa do mundo

A gigante do e-commerce Amazon é a marca de varejo mais valiosa do mundo entre as 75 empresas do ranking do novo relatório Brand Z Top Global Retail Brands, da WPP/Kantar. A empresa de Jeff Bezos está avaliada em US$ 315,5 bilhões, um crescimento de 91% sobre o ano passado. Sozinha, a Amazon representa 23% da soma do valor de mercado das 75 empresas da lista. 

Alibaba, da China (US$ 131,2 bilhões), ficou em segundo lugar (cresceu 41% o valor de marca sobre o ano passado) e a gigante de fast-food McDonald's (US$ 130,4 bilhões) em terceiro. Completam as top 5, entre as 75 empresas analisadas, The Home Depot (US$ 53,5 bilhões) e Nike (US $ 47,4 bilhões). O maior diferencial dos líderes? Entrega rápida!

O garimpo da semana

  • A definição de quilograma muda hoje!  Para marcar o Dia Mundial da Metrologia, a medida será ancorada à constante de Planck, uma força fundamental na natureza, imutável.
     
  • Procurando dica de leitura? A revista Inc. publicou uma lista com 60 (!) livros sobre liderança, gestão, estratégia e negócios escritos por mulheres. A lista for elaborada por Rachel Happe, co-fundadora da consultoria Community Roudtable.
     
  • O primeiro patinete motorizado nas ruas? Lime, Bird, Skip, Spin ou Grin? Nada disso. O primeiro foi o Autoped, lançado há um século. A revista do museu Smithsonian tem artigo revelando a história do dispositivo motorizado criado em 1915 e sua evolução.
     
  • A cidade de Aracaju, capital de Sergipe, é a primeira capital do País a tornar os processos públicos 100% digitais. A plataforma tem o nome de AjulnteliGente e vai permitir que os 650 mil habitantes possam fazer requisições à prefeitura de casa ou de um computador com acesso à internet. O projeto foi desenvolvido em parceria com a GovTech 1Doc, de Santa Catarina.
     
  • A primeira lista dos 25 melhores laboratórios de inovação financeira do mundo foi publicada pela revista Global Finance. Entre os 25 escolhidos, só um da América Latina: o boostLAB, do BTG Pactual, instalado em São Paulo.
     
  • Reconhecimento facial. A 99 incluiu no seu aplicativo o recurso de reconhecimento facial dos motoristas para aumentar a segurança. Para abrir o app, o motorista precisa ter o rosto reconhecido. O sistema está programado para dar umas "incertas", pedindo novamente a verificação em horas variadas do dia.
       
  • Rastreadores de desinstalação de apps estão em alta nos Estados Unidos. Adjust, AppsFlyer, MoEngage, Localytics e CleverTap são alguns serviços, geralmente como parte de um conjunto mais amplo de ferramentas para desenvolvedores. O recurso explora as notificações push e ajuda a recuperar ex-usuários, veiculando anúncios com o objetivo de recuperá-los.
     
  • Pois a rejeição aos apps é grande. A pesquisa Adjust Global App Trends 2019, com dados de uso de 1.000 maiores apps móveis de 23 verticais em 2018, mostra que, em média, os aplicativos perdem 69% dos seus usuários nas primeiras 24 horas após a instalação. A perda chega a 79% após uma semana. Apps de notícias e comics conseguem reter mais que a média semanal, respectivamente 31% e 28%.
     
  • O Open Banking é inevitável e deve ser encarado como uma oportunidade pelas instituições financeiras, disse o presidente do Banco Central em um workshop sobre o tema, realizado pela instituição na semana passada em Brasília. De acordo com o BC, o cronograma de implementação deve sair no 2º semestre.
     
  • Uma falha grave no Windows XP e no Windows Server 2013 levou a Microsoft a lançar uma atualização para essas versões de seu sistema operacional, já fora do roadmap de upgrades de segurança da empresa há dois anos. Ele contém 79 correções, destinadas a evitar um tremendo problema: a possibilidade da falha ser explorada por um código malicioso que se propaga sozinho, sem necessidade do usuário clicar em nada.
     
  • A tradução automática da fala começa a superar obstáculos como rapidez, cadência e tom de voz com o projeto Translatotron, do Google. Ao contrário da maioria das técnicas de tradução, a utilizada nesse experimento pula a etapa intermediária da transformação do discurso em texto, explica o Techcrunch.
     
  • A etapa de inicialização de uma rede neural é decisiva para o desempenho final do modelo. O pessoal do site deeplearning.ai fez um tutorial interativo para ajudar os desenvolvedores.
     
  • O genoma da bactéria E.Coli foi recriado sinteticamente. É um passo importante em direção à criação de germes geneticamente adaptados para produzir materiais específicos.
     
  • Minúsculas células solares (um centímetro quadrado) foram desenvolvidas por pesquisadores em Oxford, no Reino Unido. Elas podem ser colocadas em janelas, superfícies com formas irregulares, ou mesmo em veículos em movimento, e abrir uma nova gama de usos para a energia solar, como a dessalinização.

Esta é a 19a edição da The Shift.

 

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Gratidão pela leitura e boa semana.

Cristina De Luca & Silvia Bassi

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